Artesanato gera renda e empregos para o País
Pesquisa mostra que artesanato nacional movimenta o mercado
e beneficia diversos setores produtivos
A Feira Nacional de Artesanato, organizada pela Central Mãos de Minas e Instituto Centro CAPE, é realizada em Belo Horizonte todo o mês de novembro, há dezesseis anos. Ela congrega milhares de expositores e milhares de visitantes que, em seus seis dias de duração, serviram de fonte para a maior pesquisa já realizada sobre o segmento artesanal.
Durante a Feira Nacional de Artesanato realizada ano 2005, o Instituto Centro CAPE contratou uma pesquisa da Vox Populi para conhecer o perfil do artesão expositor e, principalmente, para mapear onde ele adquire a sua matéria prima para produzir.
A pesquisa foi feita somente com o artesão expositor. Aquele expositor que era representante, ou coordenador de projeto, ou mesmo que estivesse em uma associação, ainda que na posição de gerente, foi desconsiderado.
Foram detectados 1182 artesãos e 288 associações ou cooperativas na Feira Nacional de Artesanato, o que demonstra a importância do trabalho em grupo dos artesãos e, também, o que nos levou a um número de pessoas envolvidas em uma produção muito maior do que imaginávamos (a princípio pensamos tratar-se de mão-de-obra remunerada, mas, depois, verificamos que era por causa do trabalho associativo).
Em um ambiente de 1182 entrevistados, para cada grupo de 823 artesãos que não trabalham sozinhos, mais de 8.167 pessoas, literalmente, põem a “mão na massa” no segmento artesanal, em sua grande maioria parentes e amigos.
Segundo dados da pesquisa, a confecção de artigos utilitários é o segmento que concentra o maior número de artesãos produzindo. O artesão gasta 47% do valor do seu produto final na aquisição da matéria prima, ou seja, para cada R$ 1.000 em venda, ele compra R$ 470,00 no mercado.
Se projetarmos este valor para a venda anual do artesão brasileiro, chegaremos a o número estrondoso de R$ 14 bilhões que o artesão injeta na economia apenas com a compra de matéria-prima (R$ 30 bilhões – projeção do faturamento – 47% = R$ 14 bilhões).
A pesquisa nos mostrou que deste valor:
• 15% é adquirido da industria têxtil - R$ 2,1 bilhões / ano
• 14,6 % de material para acabamento – R$ 2 bilhões / ano
• 9,1% de madeira a fins – R$ 1,3 bilhões / ano
• 8,9% metais – R$ 1,2 bilhões / ano
Isto apenas utilizando as compras em segmentos mais expressivos da economia.
Conforme pesquisado, a participação do segmento artesanal na economia brasileira é muito maior do que se pensa, pois, além da movimentação com a venda, este valor cresce quase que 50% com a aquisição das matérias primas. De acordo com os dados, 40,4% dos artesãos gastam até R$ 2 mil em seis meses de produção; 13,8% até R$ 4 mil; 7,3% até R$ 6 mil; 3,3% até R$ 8 mil; 3,7% até R$ 10 mil; 4,3% até R$ 20 mil, e uma parcela de 2,4% variam seus gastos entre R$ 30 a R$ 100 mil por semestre.
Evidentemente, o artesão que participa da Feira Nacional de Artesanato, em sua grande maioria, já possui uma estrutura melhor, mas é importante ressaltar que este crescimento ocorreu com o passar dos anos e a Feira Nacional colaborou muito para este crescimento.
O faturamento individual do artesão que participa da Feira Nacional também ultrapassa, e muito, a média nacional. Enquanto temos trabalhado com uma média de 2 a 3 salários mínimos de faturamento por artesão, o que participa da Feira Nacional tem um faturamento acima de 6 salários mínimos por mês.
A nossa intenção agora é encaminhar esta pesquisa à CNI (Confederação Nacional da Indústria), de forma que possamos discutir o apoio que a indústria poderá vir a dar a este segmento tão participativo de sua economia.
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