História do Artesanato Mato-Grossense
O artesanato mato-grossense reflete o dia-a-dia e os costumes de vida do próprio artista e da cuiabania em geral.
"Sua origem está na praticidade com que o homem mato-grossense procurava suprir a falta de determinados objetos e utensílios domésticos, que a dificuldade de obtenção lhe aflingia, seja pela distância de centros abastecedores, seja pela falta de recursos financeiros. Daí a criação. Daí o artesanato.
A cerâmica típica do artesanato mato-grossense, de barro cozido em forno próprio, pode ser de suas categorias. Aqueles destinados à ornamentação, como vasos, objetos de enfeite, cinzeiros, etc, e ainda aqueles utilizados como utensílios domésticos, como potes, panelas, pratos, etc. Existem características própriasde dezenho, formato, adereços e enfeites, que diferenciam a cerâmica mato-grossense da de outros Estados." Paulo Pitaluga Costa e Silva - do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.
Merecem destaque os ceramistas de São Gonçalo, especialistas na fabricação de de utensílios domésticos, tanto os utilizados na cozinha a exemplo dos potes e panelas de barro, quanto aqueles destinados à ornamentação. São Gonçalo é o mais antigo núcleo populacional de Mato Grosso. Está localizada na margem esquerda do Rio Coxipó, na confluência com o Rio Cuiabá.
A tecelagem é talvez, dentro do nosso artesanato, a que detém maior representatividade no que tange a divulgação da arte, da cultura e da tradição do povo cuiabano e mato-grossense, principalmente pela sua beleza artística. Neste segmento destacam-se as redeiras que, no princípio, fiavam e atingiam o próprio fio do qual teciam as redes lavradas(bordadas) com motivos diversos em toda a sua extensão.
A habilidade com que as redeiras tecem sua rede é a mesma das mulhere indígenas, de onde origina-se esta tradição. As guanás eram hábeis no manseio de tear, e conseguiram passar esta tradição secular às mulheres cuiabanas e ribeirinhas. No entanto, além de fiarem e tingirem o fio, a exemplo das tecelãs cuiabana, também plantavam o algodão e colhiam.
"Temos ainda o artesanato em madeira. Típico das localidades ribeirinhas do Rio Cuiabá, sendo um exemplo, o fabrico de canoas de pesca. Antigamente, nos tempos mais remotos dos bandeirantes, era usado o sistema indígena de fazer canoa de casca de jatobá. Hoje a atividade canoeira, reduzida a poucos artesãos, está em franco desaparecimento. O canoeiro utiliza-se tão somente da madeira denominada ximbuva, ou o cambará, macia e fácil para escavar. Das obras, são confeccinadas gamelas e tigelas de madeira.
Ainda no setor do artesanato de madeira, temos o artesão, geralmente carurueiro, que fabrica a Viola de Côcho, instrumento musical para acompanhamento do cururu e siriri. Trata-se de uma viola tosca, que produz um som típico, sem grandes ressonância e ainda sem os trastes localizados no cabo do instrumento, responsáveis pela produção de uma boa escala musical. As cordas, antes elaboradas a partir de tripas de certos animais selvagens, como o quati, macaco e gambé, hoje são de nylon.
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